sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Você conhece o Segredo do Tesouro de Bresa ?

 Estes tempos, eu li um excelente artigo publicado no Qualiblog, que falava sobre a história do "Tesouro de Bresa". Após o texto, Ronaldo Costa faz uma comparação com a ISO 9001... Vale à pena dar uma conferida:

Faz algum tempo recebi um e-mail com uma história interessante. Fui pesquisar e descobri que, como grande parte dos textos motivacionais, ela está largamente difundida pela internet. Mas resolvi enquadrá-la do ponto de vista da Gestão da Qualidade. E ela se encaixa perfeitamente no item 8.5.1 da ISO 9001! Vamos ver o porquê cheguei a essa conclusão?
O Tesouro de Bresa
Houve outrora, na Babilônia, um pobre e modesto alfaiate chamado Enedim, homem inteligente e trabalhador, que não perdia a esperança de vir a ser riquíssimo. Como e onde, no entanto, encontrar um tesouro fabuloso e tornar-se, assim, rico e poderoso? Um dia, parou na porta de sua humilde casa um velho mercador da Fenícia, que vendia uma infinidade de objetos extravagantes. Por curiosidade, Enedim começou a examinar as bugigangas oferecidas, quando descobriu, entre elas, uma espécie de livro de muitas folhas, onde se viam caracteres estranhos e desconhecidos. Era uma preciosidade aquele livro, afirmava o mercador, e custava apenas três dinares.
Era muito dinheiro para o pobre alfaiate, razão pela qual o mercador concordou em vender-lhe o livro por apenas dois dinares.
Logo que ficou sozinho, Enedim tratou de examinar, sem demora, o bem que havia adquirido. E qual não foi sua surpresa quando conseguiu decifrar, na primeira página, a seguinte legenda: “O segredo do tesouro de Bresa.” Que tesouro seria esse? Enedim recordava vagamente de já ter ouvido qualquer referência a ele, mas não se lembrava onde, nem quando. Mais adiante decifrou: “O tesouro de Bresa, enterrado pelo gênio do mesmo nome entre as montanhas do Harbatol, foi ali esquecido, e ali se acha ainda, até que algum homem esforçado venha encontrá-lo.” Muito interessado, o esforçado tecelão dispôs-se a decifrar todas as páginas daquele livro, para apoderar-se de tão fabuloso tesouro. Mas, as primeiras páginas eram escritas em caracteres de vários povos, o que fez com que Enedim estudasse os hieróglifos egípcios, a língua dos gregos, os dialetos persas e o idioma dos judeus. Em função disso, ao final de três anos Enedim deixava a profissão de alfaiate e passava a ser o intérprete do rei, pois não havia na região ninguém que soubesse tantos idiomas estrangeiros.
Passou a ganhar muito mais e a viver em uma confortável casa.
Continuando a ler o livro, encontrou várias páginas cheias de cálculos, números e figuras. Para entender o que lia, estudou matemática com os calculistas da cidade e, em pouco tempo, tornou-se grande conhecedor das transformações aritméticas. Graças aos novos conhecimentos, calculou, desenhou e construiu uma grande ponte sobre o rio Eufrates, o que fez com que o rei o nomeasse prefeito.
Ainda por força da leitura do livro, Enedim estudou profundamente as leis e princípios religiosos de seu país, sendo nomeado primeiro-ministro daquele reino, em decorrência de seu vasto conhecimento.
Passou a viver em suntuoso palácio e recebia visitas dos príncipes mais ricos e poderosos do mundo.
Graças ao seu trabalho e ao seu conhecimento, o reino progrediu rapidamente, trazendo riquezas e alegria para todo seu povo.
No entanto, ainda não conhecia o segredo de Bresa, apesar de ter lido e relido todas as páginas do livro.
Certa vez, então, teve a oportunidade de questionar um venerando sacerdote a respeito daquele mistério, que sorrindo esclareceu:
- O tesouro de Bresa já está em seu poder, pois graças ao livro você adquiriu grande saber, que lhe proporcionou os invejáveis bens que possui. Afinal, Bresa significa “saber”…
Analogias (colocadas entre parênteses):
Sem saber, Enedim praticou em si próprio o conceito da melhoria contínua. Por acalentar o objetivo audacioso de ficar rico, ele mantinha-se atento a possíveis opotunidades e acabou se interessando pelo livro do mercador fenício (veja o livro como a Norma ISO 9001). Enedim (Organização que deseja se certificar)estudou o livro e buscou aprender tudo o que precisava para interpretá-lo (os princípios da Gestão da Qualidade e as Ferramentas da Qualidade), o que o levou a conseguir o reconhecimento do Rei (Certificação ISO 9001). Como homem bom que era, aplicou seu poder em benefício de todo o seu povo (Clientes) e também conquistou a admiração (comprometimento do cliente interno, fidelidade do externo) de todos! E de outros povos que conheceram a sua história (novos clientes)
Certamente, após tantos resultados (melhorias) conseguidos através do uso das técnicas (melhores práticas)que aprendeu, Enedim continuou sua busca por conhecimento! E cada passo nessa busca lhe permitirá novos e maiores resultados (melhoria contínua).
Todos vocês que trabalham com Qualidade são detentores do tesouro de Bresa. Mostrem às organizações que este tesouro não pode ficar “enterrado e esquecido entre as montanhas do Harbatol”. Tem que ser investido em “ações” para que cresça e traga melhorias para seus processos!

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A EVOLUÇÃO DAS NORMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

           
     A indústria automobilística é uma potência mundial e pode ser considerado o maior setor no cenário da economia global. Sendo assim, devido à complexidade dos seus Sistemas Produtivos aliado ao nível de exigência das cadeias de suprimentos (supply chain), seria necessário haver uma norma para alinhar e sincronizar as boas práticas de Gestão da Qualidade nas mais variadas empresas do ramo.
A norma ISO/TS 16949 serve para padronizar a Gestão da Qualidade de indústrias automobilísticas. Sua origem, foi referente à uma evolução da norma QS 9000 (criada no início dos anos 90).



Nós, enquanto profissionais da Qualidade, que lidamos diariamente com os requisitos da Norma ISO 9001, sabemos do impacto que a execução correta dos requisitos pode trazer para a organização.
Em um dado momento, o mundo percebeu que a ISO 9001 seria “boa” para o setor automobilístico, porém seus requisitos não teriam profundidade suficiente para tornar a Gestão da Qualidade mais robusta nesta indústria.
Sendo assim, a norma ISO 9001 foi adaptada e os critérios foram desdobrados de uma forma um pouco mais incisiva, à fim de garantir que o processo do SGQ pudesse ser executado de uma melhor forma.
Neste artigo, iremos desdobrar de forma detalhada a evolução das normas QS 9000 e ISO/TS 16949 e a importância de seus requisitos para o desenvolvimento do setor.

QS 9000

Segundo Cristiano Rocha Heckert et al (1998), a QS-9000 surgiu de um esforço das três grandes empresas automobilísticas norte-americanas, Chrysler, Ford e GM, no sentido de criar um padrão unificado de sistema da qualidade para o setor.
Em 1988, durante a Conferência da Divisão Automotiva da American Society for Quality Control (ASQC), foi criada a "Task Force". Este órgão seria o responsável por conduzir o processo de unificação dos padrões de qualidade das três grandes.
Em pouco tempo, a “Task Force” revolucionou o setor com inúmeras iniciativas que trouxeram excelentes resultados voltados para a Qualidade dos produtos:


O principal objetivo da elaboração da QS 9000, foi fazer com que os fornecedores da Chrysler, Ford e GM (que muitas vezes eram comuns às três empresas), adotassem uma única norma da Qualidade como referência. Desta forma, as montadoras pretendiam baratear os custos com atividades de inspeção e auditoria .
A norma utilizada como referência para a criação da QS 9000, foi a já tradicional ISO 9001, porém foram feitas algumas adaptações à fim de adequar ainda mais a norma à realidade da indústria de automóveis.
No final das contas, de forma resumida, podemos dizer que a QS 9000 era uma norma muito mais rígida do que a ISO 9001. Este fato foi comprovado, conforme análise de Struebin (1996): “Na ISSO 9001, existem 137 ‘musts’ (requisitos obrigatórios), sendo que a QS 9001 possui cerca de 300 ‘musts’ ”.

 ISO/TS 16949

A especificação técnica ISO TS 16949 (2004) é um documento que foi preparado pela International Automotive Task Force (IATF) e pela Japan Automobile Manufactures Association Inc. (JAMA).
Ela é um alinhamento dos requisitos normativos desenvolvidos por diversos organismos de certificação internacionais, entre eles:

VDA (Alemão);
AIAG (Norte Americano);
AVSQ (Italiano);
FIEV (Francês);
SMMT (do Reino Unido).

Anteriormente à ISO/TS 16949, uma empresa que desejasse fornecer para montadoras norte-americanas (por exemplo, Ford ou Chrysler) e para montadoras alemãs (por exemplo, Volkswagen e MercedesBenz), deveria se certificar tanto para a norma QS9000 (da AIAG).
            Assim sendo, surge em 1999 a primeira publicação da ISO TS 16949 (1999), sofrendo revisão em 2002 com base nas normas ISO 9000 (2000). Em 2004 ocorreu uma nova revisão da especificação técnica ainda apoiada na ISO 9000 (2000).
            A última revisão da norma é de 2009, tendo como referência a versão 2008 da ISO 9001.

Esclarecimento de algumas dúvidas em relação à norma (Segundo publicação da Fundação Carlos Alberto Vanzolini):
1. O que é a ISO/TS 16949?
A ISO/TS 16949 é uma especificação técnica, cuja característica é de indicar quais são os requisitos específicos da Norma ISO-9001 para as organizações de produção automotiva e de peças de reposição. Portanto o conteúdo dos requisitos possui exigências mais abrangentes e complexas do que a ISO-9001.
Além do mais a Certificação ISO/TS 16949 abrange não só os requisitos publicados nesta especificação técnica, mas incluem também os catálogos e requisitos de CADA cliente que participam da cadeia automotiva.

3. O que abrange a Cadeia Automotiva, da qual se aplica a Certificação ISO/TS 16949?
O IATF (International Automotive Task Force), através de divulgação em seu site http://www.iaob.org, publicou uma FAQ (Frequently Asked Question), que esclarece o seguinte:
O termo “Automotiva" deve ser entendido como e inclusive o seguinte:
- Carros, Caminhões (Leve, Médio e Pesado), Ônibus, Motocicletas

O termo "Automotiva" deve ser entendido como excluindo o seguinte:
- Industrial (Empilhadeiras), Silvicultura, Agrícola (Tratores, Arados), Fora de Estrada(Mineração, Florestal, Construção, etc.)

Apenas Sites (Instalações de Produção, que é o local no qual ocorrem processos industriais que agregam valor) podem requer certificação.
Locais remotos (escritórios comercial, unidades de engenharia / projeto, áreas de logística) situados fora dos locais de produção, devem ser auditados como parte do “site” em questão.
Locais remotos não podem obter certificação ISO/TS 16949 isoladamente.
O Termo “Produção” é esclarecido como “Processo de fazer ou fabricar” e envolve os seguintes itens:
            - Produção materiais,
- Peças de Produção ou Assessórios,
- Montagem ou
- Tratamento térmico, soldagem, pintura, superfície, ou outros serviços de acabamento.

10. Qual a importância de obter a Certificação em ISO/TS 16949?
Alguns clientes consideram a Certificação como pré-requisito para aquisição de peças de um fornecedor automotivo, o que pode significar a continuidade do negócio. Outras empresas buscam a Certificação para reduzir a necessidade de múltiplas auditorias de clientes. Mas, acima de tudo, é fundamental que as organizações que pretendam obter a certificação entendam o conteúdo dos requisitos desta especificação técnica que, adequadamente implementados, serão de grande valia para qualquer organização.

12. Uma empresa que obtenha certificação ISO/TS 16949 obtém automaticamente a Certificação ISO-9000?

Não necessariamente. A obtenção da Certificação ISO-9001em conjunto com a ISO/TS 16949 é uma decisão estratégica da empresa, visto que os organismos emissores dos certificados são distintos ( a ISO/TS 16949 é emitida sob controle do IATF e a ISO- 9001 é emitida sob controle do INMETRO, no Brasil).




REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS:

Artigo: QS-9000: A ISO já não é o bastante. Cristiano Rocha Heckert; Paulino Graciano Francischini; Roberto G. Rotondaro. Belo Horizonte, Vol 8, Nº1, p.5-16. 1998.

Artigo: UM ESTUDO SOBRE RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO DA ISSO TS 16949: FATORES FACILITADORES, DIFICULTADORES E RELAÇÃO ENTRE FMEA E PLANO DE CONTROLE. André Fort Leal. UNIMEP. Santa Bárbara D’Oeste. 2007

Material: PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES CERTIFICAÇÃO ISO/TS 16949:2002. Fundação Carlos Alberto Vanzolini.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

LEITURA RECOMENDADA - A Cultura Toyota (Jeffrey Liker e Michael Hoseus)

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 Há tempos, comentamos que um dos principais fatores que dificultam à Gestão da Qualidade nas organizações está diretamente relacionada à CULTURA.
 Sempre quando tentamos aperfeiçoar nossos processos, nós encontramos dificuldades na implantação e manutenção destas ações, pois nossa cultura ainda não está preparada para MELHORIAS.

 Buscando aprofundar mais meu conhecimento em relação à Cultura Organizacional, resolvi iniciar a leitura do livro "A Cultura Toyota - A Alma do Modelo Toyota" de Jeffrey Liker.

 Após o término da leitura, irei publicar aqui no blog um resumo com os principais assuntos abordados no livro.


LIVRO: A Cultura Toyota
AUTORES: Jeffrey Liker,Michael Hoseus
EDITORA: Bookman
PUBLICAÇÃO: 2009
PREÇO: DE R$ 70 À R$ 90 (Compre Aqui)