sábado, 27 de dezembro de 2014

LIÇÕES DA QUALIDADE 4#



5         – VÁ AO GEMBA



Gemba: termo japonês que significa local real ou local onde as coisas acontecem.
            Podemos considera-lo como o processo no qual se agrega valor. Na indústria, o Gemba abrange todo o chão de fábrica.
            A filosofia do Gemba é muito utilizada para ilustrar a importância de ir para o local onde as coisas acontecem, antes de definir algo ou estabelecer um procedimento operacional. Já comentamos que um dos deveres do Analista da Qualidade é o de conhecer os processos, mas isso não é plenamente possível sem que haja um reconhecimento “in loco” da situação, do ambiente e dos recursos disponíveis no setor.
O Dojo é o local de treinamento, é formalmente um lugar onde as artes marciais são ensinadas, mas refere-se genericamente a qualquer lugar onde o ensino e a aprendizagem aconteçam. Historicamente, o ensino e aprendizagem têm a ver com o ensino mais sagrado ou espiritual.
O Gemba é o Dojo, ao contrário da maioria das empresas, quando um empregado começa na Toyota, ele fica no chão da fábrica e começa a trabalhar, sem muito treinamento, com exceção do módulo de segurança - em outras palavras, o primeiro lugar da formação para um novo empregado é o Gemba. Isso é bastante incomum , mas há uma razão: o novo empregado necessita de um coração fértil e mente forte para se tornar ensinável - não há melhor maneira de conseguir isso do que jogá-los na linha de produção, permitindo-lhes lutar . Após o "teste de fogo" do exercício, o novo trabalhador está pronto para ser ensinado. O ensino formal ocorre no que é chamado de Dojo. O Dojo é um local de treinamento que tem linhas de produção em miniatura, câmeras de vídeo, os professores ensinam na prática e na teoria os conceitos. As principais etapas do Gemba estão descritas abaixo:


Mas estão havendo muitas dúvidas. Dizem que se trata de uma boa ideia, mas, às vezes, as pessoas parecem perdidas sem saber exatamente o que fazer, ou acham que pode ser uma perda de tempo quando todos estão tão ocupados com tantas outras coisas por fazer.
Ou ainda, muitos dizem “vou sempre ao gemba”. Mas não tem método e propósito, muitas vezes ligado ao apagar incêndios.
Mas o que fazer no gemba? Existiria um roteiro ou receita para se ir ao gemba para tornar essa atividade a mais eficaz possível? Como evitar que a ida ao gemba se transforme em uma atividade meramente social?
Antes de qualquer coisa, ir ao gemba é mais do que um ritual, é uma atitude. Serve para facilitar o entendimento de uma situação, qualquer que seja ela. É muito melhor ver diretamente com os seus próprios olhos do que ler um relatório ou escutar uma explicação sobre uma determinada situação, fato ou problema.
Nestes casos, ir ao gemba é a alternativa mais adequada por permitir aos envolvidos uma real capacidade de todos entenderem o que está acontecendo, mesmo que exista a possibilidade de outras atividades e investigações serem necessárias. Isso permite que todos tenham um entendimento comum, tiram-se dúvidas e elaboram-se alternativas ou sugestões.
Podemos ter várias necessidades a serem supridas pela ida ao gemba.
1.         Ir ao gemba para resolver problemas e fazer melhorias:
Ir ao gemba permite que se use efetivamente o método científico de resolver problemas ao evitar o “achismo” e as discussões acaloradas em salas de reuniões, baseadas em premissas e não em fatos concretos.

2.         Ir ao gemba como parte do trabalho padronizado de gerenciamento:
Outra possibilidade é a ida ao gemba como parte do trabalho padronizado do gerenciamento. Pode ser tanto como parte da gestão diária ou parte de auditorias do trabalho padronizado, quer seja nas operações quer seja na logística ou em outras atividades.
A ida ao gemba permite que as lideranças sejam capazes de entender e melhorar os processos, evitando, assim, a administração por números.

3.         Ir ao gemba para apoiar e ensinar
Dar o exemplo, tornando-se visível e conhecido, ao mesmo tempo em que conhece as pessoas mais de perto, faz parte das atividades da liderança lean. Assim, sair de sua sala e ir ver os processos e as pessoas com eles envolvidas torna-se uma atividade que ajuda a melhorar o moral, estimula a comunicação direta e permite maior transparência.


Assim, a ida ao gemba pode ter vários formatos e propósitos. Mas é preciso torná-la uma atividade relevante e essencial, devendo fazer parte das prioridades e agenda.
Pode parecer que deslocar-se até o gemba toma tempo e os líderes ocupados apagando incêndios tendem a achar mais fácil chamar pessoas a sua sala para darem "explicações". E mesmo confiando na qualificação e competência de seus colaboradores, nada pior para perpetuar os problemas e continuar engolfado nas chamas.
Tente amanhã investir alguns minutos indo ao gemba para um assunto específico importante e sinta o quanto suas decisões vão ser mais efetivas.
Uma vez convencido, incorpore a ida ao gemba as suas rotinas de forma estruturada.
Logo que entrei na empresa na qual estou trabalhando atualmente,  eu ainda não havia compreendido totalmente esta lição. Meu gerente pedia para eu mapear um determinado processo e eu iniciava a atividade pela elaboração do fluxograma no computador, com base nas informações contidas no procedimento. Quando eu mostrava o fluxo do processos para meu líder, ele sempre me perguntava se eu tinha confirmado as informações do procedimento com o setor. No início eu via a lógica, pois eu acreditava (inocentemente) que todos seguiam fielmente todos os procedimentos da empresa.
            Quando eu comecei a entender a importância de ir ao local à ser estudado e analisar a situação na prática, comecei a enxergar os processos de uma forma mais eficaz.


            Temos que quebrar as correntes e ir ao Gemba.
            René Descartes, grande filósofo do século XVII, não entendia como seus colegas filósofos abordavam uma variedade de assuntos que muitos não poderiam conhecer profundamente sem estudar o ambiente do fenômeno.
Descartes então resolveu “sair do conforto de sua casa bem aquecida, para percorrer uma vasta viagem pelo frio da Europa”. René Descartes dizia que era fácil falar coisas aleatórias sobre determinado assunto, transmitindo uma falsa impressão de domínio sobre o tema, quando na verdade o mesmo não existia. Aplicando o método de analisar as situações no local em que elas ocorriam, fez com que o filósofo aumentasse o seu nível de conhecimento e consequentemente o nível de veracidade nas informações.
Nós, enquanto profissionais da Qualidade, não podemos nos permitir que haja uma zona de conforto em nossos serviços, não podemos nos acomodar e achar que ir ao Gemba não é necessário.
IR AO GEMBA É FUNDAMENTAL para quem quer aprender sobre um processo ou para quem quer melhorá-lo.

FONTES DE PESQUISA: parte do artigo, teve como principais fontes de pesquisa, os seguintes sites:
·         Lean;
·         Engenharia da Produção;

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Dicas para o Fim do Ano - Planejamento dos Objetivos para 2015


Eu sempre gostei de fazer uma listinha com os objetivos para o próximo ano. Mas tenho que dar uma notícia triste para quem também segue esta tradição... a lista sozinha não adianta para nada !

Nos primeiros anos que eu fazia a lista, eu iria conferir as realizações apenas em dezembro do mês seguinte, ou seja ficava o ano todo sem lembrar da lista e esperava que os objetivos se realizassem sozinho.


Para 2014, elaborei, juntamente com a minha noiva, uma planilha de controle (semelhante à uma planilha de Planos de Ação).
A cada dois meses, nós verificávamos quais objetivos tinham sido alcançados. Ao chegar em dezembro, verificamos que conseguimos atingir mais de 75% dos objetivos planejados:
- Noivamos;
- Compramos um carro;
- Entramos para faculdade;
- etc.

Ou seja, tratar a "Listinha do Final do Ano" como uma tarefa da Gestão da Qualidade (Elaboração de Planos de Ação), pode ser a solução ideal para aqueles que buscam atingir grandes objetivos para o ano seguinte.

LEMBRETE: Assim como no SGQ, não basta termos grandes ideias e objetivos escritos em uma planilha, e não fazermos nada para atingir ou realizar estas ações. Vicente Falconi disse certa vez: "Acredito que o problema do brasileiro não é mais o Planejamento. Nós planejamos, porém não implantamos os planos na prática. Nosso problema está concentrado na Execução. Temos grandes dificuldades em executar as ações".



terça-feira, 9 de dezembro de 2014

ATENÇÃO - Fique atento aos perigos do SGQ

PROCURA-SE O ELEMENTO CAUSADOR DA ESTAGNAÇÃO DOS SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE NAS ORGANIZAÇÕES!



Acho que esta procura é desnecessária, pois já sabemos quem é o agente causador deste problema na Qualidade... o famoso DESÂNIMO.
Haverá momentos em que o Profissional do SGQ irá tentar aplicar todas as suas técnicas em prol da Qualidade e alguns colegas criarão uma barreira invisível que impedirá estas ações de serem concretizadas. Geralmente, quando isso ocorre, acaba causando um pequeno desânimo no Profissional da Qualidade. Porém quando esta situação é repetida por 10 ou 15 vezes, este profissional acaba criando um grande desgosto, pois não consegue executar e visualizar seu trabalho.
Em outros momentos, o Analista da Qualidade poderá ficar amarrado, por depender da cooperação de seus colegas. Por exemplo: Reposta de RACP’s, Implantação de Ações, Assinaturas, etc.
Estas situações são as mais recorrentes.
O desânimo, o tédio e a zona de conforto, fazem com que haja uma estagnação no indivíduo, que acaba limitando sua curva de aprendizado.
Diante de tantas dificuldades, o Analista da Qualidade deve ter maturidade suficiente para compreender e contornar estas situações. A única forma de manter a motivação nestes casos é ter PACIÊNCIA.
O Analista deve utilizar seu raciocínio para pensar em soluções para evitar que estes problemas ocorram:
- EXEMPLO: Nestes casos em que a falta de comprometimento com a Gestão da Qualidade é visível, o SGQ juntamente com a Direção, devem pensar em estratégias voltadas para AUMENTAR A CULTURA DA QUALIDADE NA ORGANIZAÇÃO. O comprometimento só é alcançado quando as pessoas entendem o por quê do funcionamento de determinado processo e sua devida importância.

Então, já que somos profissionais da Qualidade altamente motivados, não podemos deixar o desânimo atrapalhar o desenvolvimento dos nossos trabalhos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

PERFIL DO ANALISTA DA QUALIDADE



Quais as atribuições do Analista da Qualidade? Qual deve ser o perfil deste profissional? Qual a importância deste cargo para a manutenção e melhoria do Sistema de Gestão em uma organização? Buscaremos esclarecer neste artigo, estas e outras perguntas relacionadas à este cargo que é fundamental para conduzir e disseminar a Qualidade em um ambiente de trabalho.
1 -  “O Analista da Qualidade é, em muitas organizações, o profissional que faz acontecer tudo relativo à Qualidade: mapeia e verifica os processos; analisa não conformidades e investiga causas; redige e revisa procedimentos da área e avalia os de outras áreas relacionadas com a Qualidade. Precisa se manter atualizado com respeito às normas da área e controla estes e outros documentos importantes do SGQ. Ele também prepara treinamentos e palestras de conscientização necessária à Qualidade, além de conduzir reuniões de CCQ, brainstorms, etc. Faltou alguma coisa?
Conhecimento e competências
Não existe regulamentação específica ou certificação para este cargo, mas é comum que lhe seja exigido no mínimo o curso técnico na área da Qualidade, quando não formação superior em Administração. Também é necessário dominar as ferramentas básicas da Qualidade (no mínimo) e, dependendo do ramo de atuação da empresa, precisará também conhecer FMEA, MASP, 8D, Lean e Six Sigma.
Uma pós-graduação em Gestão da Qualidade é o caminho natural para a evolução desse profissional. Dentre suas competências, precisa ter boa comunicação, capacidade analítica, visão sistêmica, bom relacionamento para transitar bem em todos os níveis da organização.”
(Fonte: Emprego Virtual)

2 – “O analista de qualidade é o responsável por analisar os procedimentos realizados em uma empresa através de auditorias, sejam elas internas ou externa. Esse profissional tem o objetivo de controlar o desempenho e evitar que a empresa ande fora dos padrões que foram estabelecidos e caia em não conformidades. O analista de qualidade é responsável por elaborar, coordenar e executar tudo em uma empresa que tenha relação com as atividades associadas à área de qualidade, tomando como base as políticas pré-estabelecidas pela empresa.
É papel do analista de qualidade identificar falhas que possam ocorrer dentro de uma empresa e, mais do que isso, esse profissional deve oferecer meios para que essas falhas sejam corrigidas.
Confira abaixo algumas atividades que estão sob a responsabilidade de um analista de qualidade:
• Formular relatórios relacionados ao desempenho da empresa;
• Instruir as demais áreas sobre os assuntos relacionados à qualidade;
• Elaborar manuais de: qualidade, organização, políticas, padronização, procedimentos;
• Identificar não conformidades;
• Acompanhar procedimentos em andamento, visando sempre manter a qualidade do processos;
• Elaborar, acompanhar e monitorar todos os indicadores de qualidade.

Esse profissional deve ter em mente que uma empresa precisa de todos os setores trabalhando em unidade para obter o êxito em qualidade, para isso ele precisa ter uma boa comunicação com todos os setores da empresa, assim conhecerá as falhas e proporá solução de forma mais eficaz, isso evitará que o setor e, consequente, a empresa entre em não conformidades.”

            Vimos que no geral, os conceitos sobre o Analista da Qualidade são bem parecidos. Mas agora darei o meu ponto de vista prático.

Eu trabalho como Analista da Qualidade em uma Metalúrgica de fundição, certificada ISO 9001 desde 2001, com mais de 180 funcionários.
A fim de contextualizar a estrutura da empresa, irei descrever algumas situações. A empresa possui uma série de produtos (mais de 8000 códigos de peças cadastradas no sistema), que de acordo com a Curva ABC, o PCP estabelece quais produtos possuem mais fluxo de saída e devem ter um estoque para atender os clientes à pronta-entrega. Desta forma, há pedidos na fábrica que são para estoque e outros que possuem pedidos associados. Os lotes que possuem pedido associado são tratados como prioridade (P1). A fundição de peças contempla as seguintes etapas como processos:
1 – Modelaria: faz os modelos (geralmente de madeira), que representam o perfil da peça. Com apenas um modelo, é possível fabricar inúmeros moldes;
2 – Moldagem: utiliza os modelos para preencher de areia, formando os moldes;
3 – Vazamento: o material (aço, ferro cromo, manganês, etc.) é preparado no forno, quando o metal líquido atingir uma temperatura adequada o material é transferido para o molde;
4 – Desmoldagem: processo no qual os moldes são quebrados para retirar as peças brutas;
5 – Rebarbação: processo de acabamento nas peças, onde são retiradas as rebarbas e há o preenchimento com solda nos pontos onde faltam material;
6 – Usinagem: processo de retirada de material, principalmente com a intenção de alinhar as peças e abrir furos (pois na fundição, as tolerâncias dimensionais não são tão finas);
Além disso, há os processos de apoio, como Controle da Qualidade, Expedição, Almoxarifado, Aquisição, PCP, Engenharia, RH, Vendas, etc.

Agora que temos condição de visualizar a complexidade da organização, irei descrever as minhas atividades, enquanto Analista da Qualidade:


·         CONTROLE DOS REQUISITOS DA NORMA ISO 9001: uma das atividades fundamentais do SGQ, pois verifica-se quais os requisitos que a organização atende e quais itens que devem  ser  adequados. Não é uma atividade muito visível pois funciona no estilo PDCA, ou seja, executamos automaticamente de acordo com o fluxo das atividades;
·         CONTROLE DE DOCUMENTOS: controle das revisões dos documentos, controle de distribuição de cópias, emissão ou revisão, controle de armazenamento e descarte;
·         CONTROLE DE AÇÕES CORRETIVAS OU PREVENTIVAS: acompanhamento da implantação das ações, verificação da eficácia das ações, análise de causa das não conformidades;
·         CONTROLE DE RECLAMAÇÕES: condução das análises das reclamações dos clientes;
·         AUDITORIAS INTERNAS: auxilio ao auditor líder para elaborar o plano da Auditoria Interna. Acompanhamento das auditorias. Condução das Não conformidades, observações e oportunidades de melhoria registradas nas auditorias;
·         AUDITORIAS EXTERNAS: Acompanhamento das auditorias e condução das não conformidades, observações e oportunidades de melhoria registradas nas auditorias;
·         INDICADORES DA QUALIDADE: Compilação dos dados referentes aos indicadores da Qualidade, elaboração e distribuição dos gráficos;
·         ANÁLISE DOS PROCESSOS: elaboração de análises em processos, tais como análise de fluxo, análise de lead time, análise de histórico de não conformidades e reclamações, análise dos indicadores da qualidade;
·         PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: estabelecer junto ao supervisor da área, os objetivos do SGQ previstos para serem alcançados em um determinado período;
·         INTEGRAÇÕES/TREINAMENTOS: ministrar treinamentos e apresentações aos colaboradores da organização, apresentando a política e diretrizes da Qualidade, esclarecendo sobre as atividades do SGQ na organização e descrevendo os conceitos da norma ISO 9001;

Estas acabam sendo minhas principais atribuições na organização, porém ainda existem as chamadas pró-atividades, que o analista pode fazer em paralelo a estas tarefas mencionadas à cima, tais como:
- Planejar, executar e controlar programas de melhoria;
- Participar das ações de segurança da empresa: CIPA, SIPAT, Inspeções de Segurança;
- Entre outras.


Mesmo tendo tantas atribuições, o analista não poderá alcançar seu objetivo (de melhorar continuamente a organização) sozinho. Para que uma empresa melhore seu Sistema de Qualidade é preciso que cada colaborador faça sua parte e entenda a importância da MELHORIA na organização.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

GURUS DA QUALIDADE – David Garvin



David A.Garvin é um dos mais recentes gurus da Qualidade. Ph.D. em economia pelo M.I.T., foi professor de Administração Empresarial em Harvard, inspetor do Prêmio de Qualidade Malcolm Baldrige e serviu na Comissão de Estudos Industriais do Conselho de Pesquisa Nacional (EUA). Além disso, tudo, também foi consultor de grandes empresas no mundo.
Os interesses em pesquisa do professor Garvin estão na área de gestão geral e mudança estratégica. Possui interesse especial em negócios e processos de gestão, aprendizado organizacional, e o projeto e liderança de organizações grandes e complexas. Possui também profundo interesse em ensino de método de caso.
Garvin concluiu que os conceitos sobre a Qualidade evoluíram em quatro eras:
- Inspeção;
- Controle Estatístico da Qualidade;
- Garantia da Qualidade;
- Gestão Estratégica da Qualidade.
Porém, o início de uma nova fase não exclui as precedentes. As organizações podem ter em seu ambiente várias delas num mesmo período de sua existência, e dependendo da natureza de suas atividades e das estratégias organizacionais, qualquer uma delas pode ser a mais adequada, independente.

         AS CINCO ABORDAGENS DA QUALIDADE
A definição de Qualidade proposta por Garvin é mais complexa que as propostas por outros Gurus da Qualidade, que tentaram sintetizá-la em poucas palavras. Para ele, a Qualidade se define a partir de cinco abordagens principais:
1 – Transcendental: Trata a qualidade como algo inato ao produto, porém relacionada a seu funcionamento. Neste caso, não pode ser medida de maneira precisa e seu reconhecimento ocorre pela experiência do cliente, que só pode percebê-la ao ter contato com o produto.
2 – Centrada no produto: Aqui a qualidade é vista como uma variável que podemos medir. Assim, diferenças da qualidade são observáveis pela medida de alguns atributos do produto. Uma melhor qualidade seria neste ponto de vista sinônimo de maiores e melhores características de um produto, o que implica em maiores custos para se atingir um alto nível de qualidade.
3 – Centrada no valor: Um produto é de boa qualidade quando apresenta alto grau de conformação a um custo aceitável. São conceitos que reúnem necessidades do consumidor às exigências de fabricação definindo qualidade em termos de custos e preços. O preço acaba por envolver uma questão de adequação do produto à finalidade a que ele se destina.
4 – Centrada na fabricação: A qualidade seria a conformidade com especificações pré-definidas por ocasião do projeto. As melhorias de qualidade ocorrem com a redução do número de desvios, o que representa redução dos custos.
5 – Centrada no cliente: A qualidade de um produto fica condicionada ao atendimento das necessidades e conveniências do cliente. A avaliação do cliente, em relação às especificações, passam a ser os padrões para a qualidade. A visão baseada no cliente é muito subjetiva, pois define um produto com qualidade como aquele que atende melhor as preferências do cliente, o que varia de pessoa para pessoa…
As abordagens listadas acima podem estar presentes num mesmo ambiente: o reconhecimento que estes conceitos podem coexistir serve de estímulo para a melhoria de diálogo entre fornecedores e clientes.
Embora sob diferentes pontos de vista, a ênfase no cliente é o aspecto mais importante das dimensões definidas por Garvin.

AS OITO DIMENSÕES DA QUALIDADE
Outra contribuição importante realizada pelo guru, é a classificação das DIMENSÕES DA QUALIDADE. Muitas são dimensões que podem ser atribuídas a produtos ou serviços para torna-los ou não adequados ao uso. Elas não são exclusivas, são complementares e muitas vezes não são aplicáveis, dependendo do produto que se fornece, do serviço que se presta ou do interesse do cliente. São elas:
1. Desempenho: trata das características básicas de um produto ou serviço. Nesta dimensão está a capacidade do produto de ser eficaz e eficiente, ou seja, efetivo.
2. Características: são a especificação do produto ou serviço conforme definido por quem o fornece. Existem também as características secundárias, que suplementam o funcionamento do produto e, embora não sejam sempre descritas, têm o poder de alterar as percepção do cliente com relação ao produto ou serviço.
3. Confiabilidade: reflete a probabilidade de mal funcionamento do produto, como tempo de falha, possibilidade de defeitos, etc. Deste ponto de vista, quanto maior for o índice de confiabilidade de um produto ou serviço, menor a possibilidade de frustrar a expectativa do cliente. A expressão “preciso como um relógio suíço” reflete bem este conceito, pois é usada para designar algo com alta confiabilidade.
4. Conformidade: reflete o grau em que um projeto e as características de um produto ou serviço estão de acordo com padrões pré-estabelecidos, com sua especificação.
Existem duas abordagens distintas de conformidade:
- a primeira iguala conformidade ao cumprimento de especificações (está mais relacionada com o pensamento norte-americano);
- a segunda iguala conformidade com o grau de variabilidade (está mais relacionada com os fabricantes Japoneses e com o trabalho de Genichi Taguchi).
5. Durabilidade: já foi uma das principais dimensões da qualidade, e expressa a vida útil de um produto. Tecnicamente, podemos definir durabilidade como o tempo pelo qual um produto mantém suas características e perfeito funcionamento, em condições normais de uso. Já notaram como produtos antigos costumam ser mais duráveis?
6. Atendimento: é a mais empírica das dimensões da Qualidade, e tem grande poder de afetar a percepção do cliente. Rapidez no atendimento, cortesia e facilidade de ter um problema solucionado encantam o cliente, pois eles não se preocupam somente com a possibilidade de terem problemas com um produto ou serviço, mas também com a eficiência do fornecedor em sanar esses eventuais problemas.
7. Estética: outra dimensão bastante empírica, está diretamente relacionada ao ponto de vista do cliente ou do público alvo. É a aparência de um produto, o sentimento ou sensação que ele provoca, a imagem.
8. Qualidade percebida: é a dimensão mais ligada à “reputação” de um fornecedor. Acreditamos que quem produz algo de qualidade reconhecida, seja capaz de manter esse nível em outros produtos ou serviços. Está diretamente relacionada com a confiabilidade, que comentamos acima.

PRINCIPAIS PUBLICAÇÕES:
• Datar, Srikant M., David A. Garvin, e Patrick Cullen - Rethinking the MBA: Business Education at a Crossroads;
• Garvin, David A. - General Management: Processes and Action: Text and Cases. Boston: McGraw-Hill
• Garvin, David A. - Learning in Action. Boston: Harvard Business School Press
• Garvin, David A. - Operations Strategy: Text and Cases. Englewood Cliffs
• Garvin, David A., C. R. Christensen, e A. Sweet, - Education for Judgment: The Artistry of Discussion Leadership
• Garvin, David A. - Managing Quality. Free Press
• Garvin, David A. - Cases in Business Decision-Making
• Sasser, W. Earl, Kim B. Clark, David A. Garvin, Margaret B.W. Graham, Ramchandran Jaikumar, e David H. Maister. - Cases in Operations Management: Strategy and Structure.
• Sasser, W. Earl, Kim B. Clark, David A. Garvin, Margaret B.W. Graham, Ramchandran Jaikumar, e David H. Maister. - Cases in Operations Management: Analysis and Action.
• Garvin, David A. - The Economics of University Behavior

Mesclando o conhecimento das Abordagens e das Dimensões da Qualidade, o profissional da área consegue aumentar seu campo de visão, passando a enxergar todos os elos da Qualidade, fato que contribui para o aumento da eficácia do Sistema de Gestão da empresa.
Só temos condições de melhorar algo que conhecemos plenamente, sabendo disso é fundamental conhecer estes conceitos sobre a Qualidade para poder melhorá-la na sua organização.

FONTE DE PESQUISA: A elaboração deste artigo, teve como referência os artigos relacionados à Garvin, publicadas no Qualiblog:


·         Link Qualiblog;

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

LIÇÕES DA QUALIDADE 3#





 4 – ATACAR O MAL PELA RAÍZ

   Uma análise de causa bem elaborada tem a capacidade de evitar uma reincidência de não conformidade. Logicamente que boas ações também contribuem para o encerramento de uma não conformidade, mas não adiantaria estabelecer ações concretas em uma análise falha.
   Sabendo disso, o Analista da Qualidade deve dominar e exercitar as ferramentas de análise, além de proporcionar os recursos e suportes necessários aos demais responsáveis que participam pelo processo de resposta de não conformidades.
Por exemplo, na empresa em que trabalho, o Analista deve acompanhar a resposta de todas as RACP’s (Relatório de Ação Corretiva ou Preventiva). Agindo desta forma o SGQ poderá instruir em caso de dúvidas e ainda aumentar a eficiência da análise.

DICA - Ferramentas que devem ser dominadas pelo Analista:


                - Diagrama de Causa e Efeito (Ishikawa/Espinha de Peixe);
                - Método dos 5 Por quês;







                - Diagrama de Árvore;
                - Fluxograma;
                - Brainstoming’s;



O Analista deve ser como um Detetive, porém um detetive da Qualidade,
onde cada não conformidade será encarada como um crime que deve ser resolvido.

O Detetive da Qualidade deve se basear em evidências objetivas para elaborar suas conjecturas e eliminar as causas dos crimes.