sábado, 27 de dezembro de 2014

LIÇÕES DA QUALIDADE 4#



5         – VÁ AO GEMBA



Gemba: termo japonês que significa local real ou local onde as coisas acontecem.
            Podemos considera-lo como o processo no qual se agrega valor. Na indústria, o Gemba abrange todo o chão de fábrica.
            A filosofia do Gemba é muito utilizada para ilustrar a importância de ir para o local onde as coisas acontecem, antes de definir algo ou estabelecer um procedimento operacional. Já comentamos que um dos deveres do Analista da Qualidade é o de conhecer os processos, mas isso não é plenamente possível sem que haja um reconhecimento “in loco” da situação, do ambiente e dos recursos disponíveis no setor.
O Dojo é o local de treinamento, é formalmente um lugar onde as artes marciais são ensinadas, mas refere-se genericamente a qualquer lugar onde o ensino e a aprendizagem aconteçam. Historicamente, o ensino e aprendizagem têm a ver com o ensino mais sagrado ou espiritual.
O Gemba é o Dojo, ao contrário da maioria das empresas, quando um empregado começa na Toyota, ele fica no chão da fábrica e começa a trabalhar, sem muito treinamento, com exceção do módulo de segurança - em outras palavras, o primeiro lugar da formação para um novo empregado é o Gemba. Isso é bastante incomum , mas há uma razão: o novo empregado necessita de um coração fértil e mente forte para se tornar ensinável - não há melhor maneira de conseguir isso do que jogá-los na linha de produção, permitindo-lhes lutar . Após o "teste de fogo" do exercício, o novo trabalhador está pronto para ser ensinado. O ensino formal ocorre no que é chamado de Dojo. O Dojo é um local de treinamento que tem linhas de produção em miniatura, câmeras de vídeo, os professores ensinam na prática e na teoria os conceitos. As principais etapas do Gemba estão descritas abaixo:


Mas estão havendo muitas dúvidas. Dizem que se trata de uma boa ideia, mas, às vezes, as pessoas parecem perdidas sem saber exatamente o que fazer, ou acham que pode ser uma perda de tempo quando todos estão tão ocupados com tantas outras coisas por fazer.
Ou ainda, muitos dizem “vou sempre ao gemba”. Mas não tem método e propósito, muitas vezes ligado ao apagar incêndios.
Mas o que fazer no gemba? Existiria um roteiro ou receita para se ir ao gemba para tornar essa atividade a mais eficaz possível? Como evitar que a ida ao gemba se transforme em uma atividade meramente social?
Antes de qualquer coisa, ir ao gemba é mais do que um ritual, é uma atitude. Serve para facilitar o entendimento de uma situação, qualquer que seja ela. É muito melhor ver diretamente com os seus próprios olhos do que ler um relatório ou escutar uma explicação sobre uma determinada situação, fato ou problema.
Nestes casos, ir ao gemba é a alternativa mais adequada por permitir aos envolvidos uma real capacidade de todos entenderem o que está acontecendo, mesmo que exista a possibilidade de outras atividades e investigações serem necessárias. Isso permite que todos tenham um entendimento comum, tiram-se dúvidas e elaboram-se alternativas ou sugestões.
Podemos ter várias necessidades a serem supridas pela ida ao gemba.
1.         Ir ao gemba para resolver problemas e fazer melhorias:
Ir ao gemba permite que se use efetivamente o método científico de resolver problemas ao evitar o “achismo” e as discussões acaloradas em salas de reuniões, baseadas em premissas e não em fatos concretos.

2.         Ir ao gemba como parte do trabalho padronizado de gerenciamento:
Outra possibilidade é a ida ao gemba como parte do trabalho padronizado do gerenciamento. Pode ser tanto como parte da gestão diária ou parte de auditorias do trabalho padronizado, quer seja nas operações quer seja na logística ou em outras atividades.
A ida ao gemba permite que as lideranças sejam capazes de entender e melhorar os processos, evitando, assim, a administração por números.

3.         Ir ao gemba para apoiar e ensinar
Dar o exemplo, tornando-se visível e conhecido, ao mesmo tempo em que conhece as pessoas mais de perto, faz parte das atividades da liderança lean. Assim, sair de sua sala e ir ver os processos e as pessoas com eles envolvidas torna-se uma atividade que ajuda a melhorar o moral, estimula a comunicação direta e permite maior transparência.


Assim, a ida ao gemba pode ter vários formatos e propósitos. Mas é preciso torná-la uma atividade relevante e essencial, devendo fazer parte das prioridades e agenda.
Pode parecer que deslocar-se até o gemba toma tempo e os líderes ocupados apagando incêndios tendem a achar mais fácil chamar pessoas a sua sala para darem "explicações". E mesmo confiando na qualificação e competência de seus colaboradores, nada pior para perpetuar os problemas e continuar engolfado nas chamas.
Tente amanhã investir alguns minutos indo ao gemba para um assunto específico importante e sinta o quanto suas decisões vão ser mais efetivas.
Uma vez convencido, incorpore a ida ao gemba as suas rotinas de forma estruturada.
Logo que entrei na empresa na qual estou trabalhando atualmente,  eu ainda não havia compreendido totalmente esta lição. Meu gerente pedia para eu mapear um determinado processo e eu iniciava a atividade pela elaboração do fluxograma no computador, com base nas informações contidas no procedimento. Quando eu mostrava o fluxo do processos para meu líder, ele sempre me perguntava se eu tinha confirmado as informações do procedimento com o setor. No início eu via a lógica, pois eu acreditava (inocentemente) que todos seguiam fielmente todos os procedimentos da empresa.
            Quando eu comecei a entender a importância de ir ao local à ser estudado e analisar a situação na prática, comecei a enxergar os processos de uma forma mais eficaz.


            Temos que quebrar as correntes e ir ao Gemba.
            René Descartes, grande filósofo do século XVII, não entendia como seus colegas filósofos abordavam uma variedade de assuntos que muitos não poderiam conhecer profundamente sem estudar o ambiente do fenômeno.
Descartes então resolveu “sair do conforto de sua casa bem aquecida, para percorrer uma vasta viagem pelo frio da Europa”. René Descartes dizia que era fácil falar coisas aleatórias sobre determinado assunto, transmitindo uma falsa impressão de domínio sobre o tema, quando na verdade o mesmo não existia. Aplicando o método de analisar as situações no local em que elas ocorriam, fez com que o filósofo aumentasse o seu nível de conhecimento e consequentemente o nível de veracidade nas informações.
Nós, enquanto profissionais da Qualidade, não podemos nos permitir que haja uma zona de conforto em nossos serviços, não podemos nos acomodar e achar que ir ao Gemba não é necessário.
IR AO GEMBA É FUNDAMENTAL para quem quer aprender sobre um processo ou para quem quer melhorá-lo.

FONTES DE PESQUISA: parte do artigo, teve como principais fontes de pesquisa, os seguintes sites:
·         Lean;
·         Engenharia da Produção;

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