sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A AUTO-SABOTAGEM NO SGQ CERTIFICADO (ISO 9001)


Vamos contextualizar: Somos Gerentes de Gestão da Qualidade em uma organização de médio porte que está prestes à passar por uma auditoria de recertificação na norma ISO 9001. Durante uma verificação rotineira, constatamos que as avaliações de alguns fornecedores não foram realizadas ou as avaliações de desempenho dos colaboradores estão atrasadas.
            Neste exemplo, utilizamos duas atividades importante em uma organização em setores cruciais (Aquisição e Recursos Humanos).
            O Gerente de Gestão da Qualidade deve indicar este problema para os setores envolvidos, analisar o motivo para a não execução destas tarefas e definir ações para evitar que estas Não Conformidades possam reincidir. Só que neste momento, lembramos que a Auditoria Externa será realizada em 2 dias e não temos tanto tempo para estratificar o problema... diante desta situação, optamos por “apenas realizar os registros RETROATIVOS” . E é neste instante que a própria Gestão da Qualidade acaba sabotando seu Sistema de Gestão...
            “Quando preenchemos um relatório RETROATIVO, estamos admitindo que nossa gestão não é robusta o suficiente para executar uma atividade no tempo correto.”
            Um registro retroativo, é quando preenchemos um formulário que já deveria estar concluído, com uma data antiga. Na maioria das vezes, essa atividade nem sequer foi realizada, mas preenchemos o registro mesmo assim. Agindo desta forma, pensamos que conseguiremos enganar os Auditores, mas na verdade estamos enganando à nós mesmos... DO QUÊ ADIANTE TER UMA CERTIFICAÇÃO, SE PREENCHEMOS REGISTROS APENAS PARA “CUMPRIR TABELA”.
            A questão não deve ser restrita apenas ao registro/formulário/relatório.
            O “X” da questão é realizar a atividade com a intenção real do que ela foi planejada... Por exemplo:
·         Qual é a intenção de uma Avaliação de Fornecedores ? A avaliação de fornecedores é muito importante para verificarmos se os fornecedores estão aptos para fornecer um determinado tipo de produto/serviço para nossas organização.
o   A ISO não define diretamente COMO fazer isso;
o   Nós definimos a sistemática que iremos avaliar nossos fornecedores;
o   Porém em um dado momento, para agilizar o processo, definimos que a avaliação será um registro com os dados dos fornecedores e o Gerente do Compras irá definir uma pontuação para o terceiro. (+ SIMPLES + RÁPIDO – EFICÁCIA)
o   Devemos levar em consideração que se trata de uma “Causa Nobre”, e sabendo disso devemos definir um Método mais eficaz para atingir o real objetivo do requisito.
( SIMPLES – RÁPIDO + EFICÁCIA)

            É neste sentido que denomino a “Auto-Sabotagem no SGQ”, pois em algum momento, transformamos um processo crítico (+ COMPLEXO) em uma simples tarefa (+ SIMPLES) para não nos comprometermos nas Auditorias... SÓ QUE DESTA FORMA TEREMOS APENAS UM SGQ “PARA INGLÊS VER”... NÃO IRÁ ADIANTAR EM NADA NOSSA CERTIFICAÇÃO !
            Quando um colaborador percebe que isso ocorre, com certeza irá pensar: “Viu só? Eu sabia que essa tal de ISO não é importante! É só preencher registros dizendo que fez e está tudo ‘OK’. É só perda de tempo!”. Esse pensamento será propagado em toda organização como um efeito dominó, e logo-logo boa parte da organização não irá mais confiar/respeitar a Gestão da Qualidade... Por isso, que muitos SGQ’s acabam se auto-sabotando.
            Depois não adianta falarmos que “Falta comprometimento”, “Ninguém compreende a Gestão da Qualidade”, “A Cultura Organizacional deve ser aperfeiçoada”... pois neste caso, a culpa de todos estes problemas está apenas no SGQ.

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            Devemos refletir:
Quantas vezes presenciamos o preenchimento de registros retroativos?
Será que minha organização possui processos críticos transformados em “simples registros”?
Nosso SGQ é apenas para “Cumprir tabela” ou para “Inglês ver”?

Se uma destas respostas for “SIM”, devemos levantar as mangas e “pôr a mão na massa” para eliminar estar “ervas daninhas” do nosso SGQ.

            - Devemos questionar os requisitos da norma;
            - Devemos propor sistemáticas e metodologias que realmente possam trazer frutos para a organização e não apenas sejam “fáceis” de executar, para não nos comprometermos nas Auditorias.

            - Devemos (no mínimo), reconhecer que este problema existe em nosso SGQ, para aos poucos eliminarmos este problema.           

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