Sempre demonstrei minha admiração pelo Mestre Vicente Falconi e pelo modo com que ele dissemina as práticas de Gestão.
Tendo a intenção de chamar a atenção da Presidência da República para focar em uma Gestão Eficáz, o Professor Vicente Falconi publicou 3 cartas destinadas à Presidenta Dilma.
O Aprendiz da Qualidade irá publicar todas as 3 cartas.
Neste primeiro momento publicamos o conteúdo sobre a Boa Gestão (a primeira carta) em um texto claro e objetivo e totalmente sintonizado com as premissas de uma gestão com base na qualidade, gestão da rotina e crescimento organizacional sustentável também enfatizados no Manifesto da ABQ.
CONTEÚDO DA CARTA:
“Não podemos predizer o futuro.
Mas podemos criá-lo.”
Jim Collins e Morten T. Hansen
" O professor Americano Jim
Collins publicou um livro “Vencedores por opção”, HSM Editora) no qual relata
suas pesquisas de nove anos com 20.400 empresas dos EUA. O levantamento visava
responder: “Como algumas
empresas crescem vigorosamente na incerteza, mesmo no caos, e outras não?”.
A conclusão foi a de que aquelas
que mantiveram um caixa robusto e um crescimento moderado, porém constante,
foram as verdadeiras vitoriosas ao final de algumas décadas. Jim Collins e sua equipe provaram
que as empresas se beneficiam fortemente de uma prática financeira segura e de um crescimento lento e
previsível.
Para países isso não pode ser
diferente. As empresas (públicas ou privadas) precisam de previsibilidade para
ter a confiança de investir. Ninguém deseja que o país cresça 10% num ano e 1%
no outro. Qualquer grande variação na economia provocada por desequilíbrios só
traz dissabor e prejuízo a todos.
Um país e uma empresa são
sistemas complexos. Para a empresa investir, não significa simplesmente colocar
dinheiro em uma obra. Não é um evento trivial, envolve a vida de muita gente e não pode ser feito somente com base
em promessas ou projeções otimistas.
Para o governo não é diferente.
Desequilíbrios e variações causam sempre prejuízo. Quando a economia piora, o
governo tem que sair em socorro de alguns setores. Nada é gratuito. Tudo tem um custo e se resume a uma
imposição de ônus, hoje ou no futuro, sobre o restante da sociedade.
Assim como o capitão de um
navio estuda as condições climáticas para decidir seu rumo e velocidade, o
empresário observa o rumo político, a transparência das contas públicas, a
condição fiscal do país, a pressão inflacionárias, juros, câmbio, entre outros
fatores, para tomar suas decisões. Para
acelerar, é necessário que o mar esteja calmo e previsível.
Se queremos crescer, temos que
mobilizar capital. Somente
por criar condições estáveis da economia e que permitam a previsão segura de
crescimento, o governo aumenta dramaticamente a capacidade de atrair capital ao
país. Crescimento previsível tem valor em si mesmo para o investidor.
Nunca ouvi de nenhuma
empresário palavras contra as políticas sociais. Pelo contrário. No entanto,
todos nós temos ouvido muitas reclamações sobre a imprevisibilidade da economia e sobre a falta de perspectiva de
crescimento.
O Brasil é um país de 200
milhões de habitantes e a sétima economia do mundo. Um transatlântico que não
admite mudanças muito rápidas de curso, pois estar custam muito caro a todos.
Tudo o que um governo precisa
fazer é trabalhar duro em suas crenças políticas, mas dentro dos fundamentos da
economia, com metas sobre
indicadores simples e visíveis, de tal modo a criar o ambiente de segurança e a
expectativa do crescimento, ainda que moderado.
Ninguém está pedindo que o país
tenha um crescimento chinês, mas que cresça um pouco a cada ano, sempre no
mesmo ritmo, como sugere Jim Collins, de tal forma que possamos trabalhar com
calma e sem sobressaltos, melhorando de fato, a vida de todos."
Vicente Falconi, 74, é fundador e presidente do Conselho Falconi Consultores de Resultado. Membro da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ. Esta é uma das três cartas sobre a boa gestão endereçadas à presidente da República, publicada em Dezembro no jornal Folha de São Paulo.
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