terça-feira, 13 de janeiro de 2015

CARTA PARA BRASÍLIA 1# - Boa Gestão - Vicente Falconi

Sempre demonstrei minha admiração pelo Mestre Vicente Falconi e pelo modo com que ele dissemina as práticas de Gestão. 
Tendo a intenção de chamar a atenção da Presidência da República para focar em uma Gestão Eficáz, o Professor Vicente Falconi publicou 3 cartas destinadas à Presidenta Dilma.
O Aprendiz da Qualidade irá publicar todas as 3 cartas.

Neste primeiro momento publicamos o conteúdo sobre a Boa Gestão (a primeira carta) em um texto claro e objetivo e totalmente sintonizado com as premissas de uma gestão com base na qualidade, gestão da rotina e crescimento organizacional sustentável também enfatizados no Manifesto da ABQ.


CONTEÚDO DA CARTA:

“Não podemos predizer o futuro. Mas podemos criá-lo.” 
Jim Collins e Morten T. Hansen
" O professor Americano Jim Collins publicou um livro “Vencedores por opção”, HSM Editora) no qual relata suas pesquisas de nove anos com 20.400 empresas dos EUA. O levantamento visava responder: “Como algumas empresas crescem vigorosamente na incerteza, mesmo no caos, e outras não?”.
A conclusão foi a de que aquelas que mantiveram um caixa robusto e um crescimento moderado, porém constante, foram as verdadeiras vitoriosas ao final de algumas décadas. Jim Collins e sua equipe provaram que as empresas se beneficiam fortemente de uma prática financeira segura e de um crescimento lento e previsível.
Para países isso não pode ser diferente. As empresas (públicas ou privadas) precisam de previsibilidade para ter a confiança de investir. Ninguém deseja que o país cresça 10% num ano e 1% no outro. Qualquer grande variação na economia provocada por desequilíbrios só traz dissabor e prejuízo a todos.
Um país e uma empresa são sistemas complexos. Para a empresa investir, não significa simplesmente colocar dinheiro em uma obra. Não é um evento trivial, envolve a vida de muita gente e não pode ser feito somente com base em promessas ou projeções otimistas.
Para o governo não é diferente. Desequilíbrios e variações causam sempre prejuízo. Quando a economia piora, o governo tem que sair em socorro de alguns setores. Nada é gratuito. Tudo tem um custo e se resume a uma imposição de ônus, hoje ou no futuro, sobre o restante da sociedade.
Assim como o capitão de um navio estuda as condições climáticas para decidir seu rumo e velocidade, o empresário observa o rumo político, a transparência das contas públicas, a condição fiscal do país, a pressão inflacionárias, juros, câmbio, entre outros fatores, para tomar suas decisões. Para acelerar, é necessário que o mar esteja calmo e previsível.
Se queremos crescer, temos que mobilizar capital. Somente por criar condições estáveis da economia e que permitam a previsão segura de crescimento, o governo aumenta dramaticamente a capacidade de atrair capital ao país. Crescimento previsível tem valor em si mesmo para o investidor.
Nunca ouvi de nenhuma empresário palavras contra as políticas sociais. Pelo contrário. No entanto, todos nós temos ouvido muitas reclamações sobre a imprevisibilidade da economia e sobre a falta de perspectiva de crescimento.
O Brasil é um país de 200 milhões de habitantes e a sétima economia do mundo. Um transatlântico que não admite mudanças muito rápidas de curso, pois estar custam muito caro a todos.
Tudo o que um governo precisa fazer é trabalhar duro em suas crenças políticas, mas dentro dos fundamentos da economia, com metas sobre indicadores simples e visíveis, de tal modo a criar o ambiente de segurança e a expectativa do crescimento, ainda que moderado.
Ninguém está pedindo que o país tenha um crescimento chinês, mas que cresça um pouco a cada ano, sempre no mesmo ritmo, como sugere Jim Collins, de tal forma que possamos trabalhar com calma e sem sobressaltos, melhorando de fato, a vida de todos."
Vicente Falconi, 74, é fundador e presidente do Conselho Falconi Consultores de Resultado. Membro da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ. Esta é uma das três cartas sobre a boa gestão endereçadas à presidente da República, publicada em Dezembro no jornal Folha de São Paulo.

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