Tendo a intenção de chamar a atenção da Presidência da República para focar em uma Gestão Eficáz, o Professor Vicente Falconi publicou 3 cartas destinadas à Presidenta Dilma.
Neste momento iremos reproduzir a 2º carta, que fala sobre o Significado da Gestão.
Neste momento iremos reproduzir a 2º carta, que fala sobre o Significado da Gestão.
CONTEÚDO DA CARTA:
“Sem mudanças no processo os resultados
permanecerão exatamente os mesmo”
Albert Einsten
"Prezada presidente,
Os pesquisadores americanos Muzafer e Carolyn Sherif e
outros conduziram em 1954, na Universidade de Oklahoma ,uma pesquisa
muito bem sucedida sobre conflito e cooperação entre grupos e uma das hipóteses
confirmadas foi: “Quando indivíduos sem qualquer tipo de relacionamento prévio
são agrupados para interagir em atividades com metas em comum, produzem uma
estrutura do grupo com status hierárquicos e papéis específicos.”
A conclusão óbvia dos pesquisadores foi que um sonho ou
uma meta em comum agrega e organiza o grupo. De fato, constatei em
minha vida que é sempre muito mais fácil concordar nos fins que nos meios.
Quando se coloca um sonho ou uma meta fica mais claro a todos onde queremos
chegar e o que tem que ser feito. O grupo se organiza mais facilmente para
concretizar seus desejos.
PLANEJAMENTO:
Gestão nada mais é que atingir metas ou resolver problemas, o que é o mesmo. Se não existem metas não há gestão! Precisamos de sonhos e metas para nosso país. Isto irá facilitar a união e a cooperação. O sonho se origina de uma chamada de liderança e as metas da formulação estratégica.
Gestão nada mais é que atingir metas ou resolver problemas, o que é o mesmo. Se não existem metas não há gestão! Precisamos de sonhos e metas para nosso país. Isto irá facilitar a união e a cooperação. O sonho se origina de uma chamada de liderança e as metas da formulação estratégica.
Nos governos geralmente entende-se planejamento como a confecção
do Orçamento anual. Ficamos, portanto, no horizonte do ano. Nada contra o
planejamento anual, mas o que precisamos ter no Brasil é a instalação de uma
organização do Estado, e não do governo, nos moldes da Polícia e da Receita
Federal, para fazer a formulação estratégica brasileira num horizonte
de pelo menos uns 20 anos, renovada anualmente.
Uma formulação desta natureza implica em fazer muitas contas, pois todos
os fatores de desenvolvimento são interligados e envolve no processo as
melhores inteligências do país, assim como especialistas estrangeiros. Em tal
planejamento fatores como as mudanças climáticas e populacionais deveriam ser
levados em conta. Para tanto, este organismo deveria ter recursos próprios e gestão
independente.
A organização faria a formulação estratégica ampla e de longo
prazo. As formulações estratégicas mais específicas e de médio prazo
poderiam ser feitas a partir do planejamento dos Estados, dos municípios,
energético, logístico, das comunicações, da educação, da saúde, da defesa etc.
Este exercício de formulação estratégica daria as condições de priorizar
projetos e estabelecer metas concretas (Estados e municípios saberiam
exatamente com que poderiam contar) que nos permitiria crescer contínua e
vigorosamente.
Quando há falta desses planejamentos o país acaba sendo
gerenciado, em seus três níveis, ao sabor das crises e acontecimentos. E
isso provoca ineficiências na utilização dos recursos além de “apagões” de toda
natureza. Gerenciar dessa maneira custa muito mais caro, uma vez que nem
sempre os recursos, eternamente escassos, são empregados na direção e
prioridades corretas.Política
Política é “direção a seguir”. A política deve dar a direção e
as prioridades do governo dentro da formulação estratégica estabelecida.
É por esse motivo que os partidos deveriam ter seus programas
obrigatoriamente bem definidos e conhecidos pela população para que suas ações
no governo refletissem a vontade popular e não os interesses próprios dos políticos.
A vontade popular é a “direção a seguir”. A política deve dar a direção e as
prioridades do governo dentro da formação estratégica estabelecida. A partir
daí surgem as leis e os regulamentos que é a função do Congresso.
OPERAÇÃO/EXECUÇÃO:
Política não é a operação do Estado. Operar o Estado é executar as ações planejadas para atingir as metas necessárias para melhor servir ao cidadão.
A máquina operacional do Estado deveria ser estável, competente e bem treinada. Essa máquina deveria ser ocupada somente por profissionais continuamente treinados de modo a se atualizarem das evoluções tecnológicas na administração do Estado.
Deveria também ter seu desempenho avaliado periodicamente e
ser sempre reestruturada para atingir as metas propostas na formulação
estratégica. Cada processo deve ser projetado para perseguir funções
específicas (atendimento ao cidadão)e estes processos organizados numa
estrutura conveniente no momento.
Atualizar estruturas e processos deveria ser uma constante, uma vez que
tudo muda ao nosso redor, a exemplo das novas tecnologias, novas necessidades
das populações, ameaças diferentes etc. A padronização de processos e operações
e o treinamento no trabalho deveriam ser religião.
Precisamos construir confiança na burocracia estatal, valorizar
ideias criativas e dar liberdade de trabalho. As consequências de uma
boa máquina operacional do Estado seriam custos mais baixos e um atendimento
primoroso a quem está pagando a conta: saúde, segurança e educação cada vez
melhores.
No entanto, o que se vê independente do partido no poder, é um assalto à
máquina operacional do Estado por meio de mais de 22 mil cargos
comissionados ocupados. (Nos EUA este número não passa de 200 para serem
preenchidos por especialistas de confiança), geralmente, por pessoas
inexperientes e que ocupam posições importantes com agendas próprias, o que
custa caro à nação, não em função de seus salários, mas sim pelos prejuízos que
provocam.
SUGESTÕES DE MELHORIA PARA A MÁQUINA OPERACIONAL DO ESTADO:
Um bom avanço para o próximo governo seria:
1 - Estabelecer uma organização em nível de Estado para fazer e rever
anualmente a formulação estratégica nacional, em função de novas realidades e
as metas decorrentes para cada Ministério;
2 - Estabelecer uma organização para avaliar o desempenho das políticas
públicas e reestruturar continuamente os processos e a estrutura do governo;
3 - Reduzir, na medida do politicamente possível, os cargos comissionados;
4 - Evitar, na medida do politicamente possível, as indicações políticas
para diretorias de estatais e cargos de Secretário Geral de Ministério,
inclusive, para baixo na hierarquia (como é feito hoje, por exemplo, na Receita
e Polícia Federal);
5 - Criar um órgão operacional em nível de estado para exercer as funções
normalmente atribuídos aos setores de recursos humanos nas empresas, ou seja:
educação e treinamento, avaliação de desempenho e feedback , recrutamento e
seleção, desenvolvimento organizacional, entre outros;
6 - Levar em conta que os melhores setores do Estado têm sempre uma carreira
estruturada e escola associada: Forças Armadas, Policia Federal, Receita
Federal, Relações Exteriores etc. Porque não estruturamos as carreiras e
instalamos escolas para treinamento contínuo do funcionalismo em todos os
setores do Estado?
O país precisa de uma boa máquina operacional do Estado. Precisamos
reforças o Estado brasileiro para reduzir a volatilidade dos governos.
Precisamos fortalecer nossas instituições."
Vicente Falconi, 74, é fundador e presidente do Conselho Falconi Consultores de Resultado. Membro da Academia Brasileira da Qualidade – ABQ. Esta é uma das três cartas sobre a boa gestão endereçadas à presidente da República, publicada em Dezembro no jornal Folha de São Paulo.
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