David
A.Garvin é um dos mais recentes gurus da Qualidade. Ph.D. em economia pelo
M.I.T., foi professor de Administração Empresarial em Harvard, inspetor do
Prêmio de Qualidade Malcolm Baldrige e serviu na Comissão de Estudos
Industriais do Conselho de Pesquisa Nacional (EUA). Além disso, tudo, também
foi consultor de grandes empresas no mundo.
Os
interesses em pesquisa do professor Garvin estão na área de gestão geral e
mudança estratégica. Possui interesse especial em negócios e processos de
gestão, aprendizado organizacional, e o projeto e liderança de organizações
grandes e complexas. Possui também profundo interesse em ensino de método de
caso.
Garvin
concluiu que os conceitos sobre a Qualidade evoluíram em quatro eras:
-
Inspeção;
-
Controle Estatístico da Qualidade;
-
Garantia da Qualidade;
-
Gestão Estratégica da Qualidade.
Porém,
o início de uma nova fase não exclui as precedentes. As organizações podem ter
em seu ambiente várias delas num mesmo período de sua existência, e dependendo
da natureza de suas atividades e das estratégias organizacionais, qualquer uma
delas pode ser a mais adequada, independente.
AS
CINCO ABORDAGENS DA QUALIDADE
A
definição de Qualidade proposta por Garvin é mais complexa que as propostas por
outros Gurus da Qualidade, que tentaram sintetizá-la em poucas palavras. Para
ele, a Qualidade se define a partir de cinco abordagens principais:
1 – Transcendental: Trata a qualidade como algo inato ao
produto, porém relacionada a seu funcionamento. Neste caso, não pode ser medida
de maneira precisa e seu reconhecimento ocorre pela experiência do cliente, que
só pode percebê-la ao ter contato com o produto.
2 – Centrada no produto: Aqui a qualidade é vista como uma
variável que podemos medir. Assim, diferenças da qualidade são observáveis pela
medida de alguns atributos do produto. Uma melhor qualidade seria neste ponto
de vista sinônimo de maiores e melhores características de um produto, o que
implica em maiores custos para se atingir um alto nível de qualidade.
3 – Centrada no valor: Um produto é de boa qualidade quando
apresenta alto grau de conformação a um custo aceitável. São conceitos que
reúnem necessidades do consumidor às exigências de fabricação definindo
qualidade em termos de custos e preços. O preço acaba por envolver uma questão
de adequação do produto à finalidade a que ele se destina.
4 – Centrada na
fabricação: A
qualidade seria a conformidade com especificações pré-definidas por ocasião do
projeto. As melhorias de qualidade ocorrem com a redução do número de desvios,
o que representa redução dos custos.
5 – Centrada no cliente: A qualidade de um produto fica
condicionada ao atendimento das necessidades e conveniências do cliente. A
avaliação do cliente, em relação às especificações, passam a ser os padrões
para a qualidade. A visão baseada no cliente é muito subjetiva, pois define um
produto com qualidade como aquele que atende melhor as preferências do cliente,
o que varia de pessoa para pessoa…
As
abordagens listadas acima podem estar presentes num mesmo ambiente: o
reconhecimento que estes conceitos podem coexistir serve de estímulo para a
melhoria de diálogo entre fornecedores e clientes.
Embora
sob diferentes pontos de vista, a
ênfase no cliente é o aspecto mais importante das dimensões definidas
por Garvin.
AS OITO DIMENSÕES DA
QUALIDADE
Outra
contribuição importante realizada pelo guru, é a classificação das DIMENSÕES DA QUALIDADE. Muitas são
dimensões que podem ser atribuídas a produtos ou serviços para torna-los ou não
adequados ao uso. Elas não são exclusivas, são complementares e muitas vezes
não são aplicáveis, dependendo do produto que se fornece, do serviço que se
presta ou do interesse do cliente. São elas:
1. Desempenho: trata das características básicas de
um produto ou serviço. Nesta dimensão está a capacidade do produto de ser
eficaz e eficiente, ou seja, efetivo.
2. Características: são a especificação do produto ou
serviço conforme definido por quem o fornece. Existem também as características
secundárias, que suplementam o funcionamento do produto e, embora não sejam
sempre descritas, têm o poder de alterar as percepção do cliente com relação ao
produto ou serviço.
3. Confiabilidade: reflete a probabilidade de mal
funcionamento do produto, como tempo de falha, possibilidade de defeitos, etc.
Deste ponto de vista, quanto maior for o índice de confiabilidade de um produto
ou serviço, menor a possibilidade de frustrar a expectativa do cliente. A
expressão “preciso como um relógio suíço” reflete bem este conceito, pois é
usada para designar algo com alta confiabilidade.
4. Conformidade: reflete o grau em que um projeto e as
características de um produto ou serviço estão de acordo com padrões
pré-estabelecidos, com sua especificação.
Existem
duas abordagens distintas de conformidade:
-
a primeira iguala conformidade ao cumprimento de especificações (está mais
relacionada com o pensamento norte-americano);
-
a segunda iguala conformidade com o grau de variabilidade (está mais
relacionada com os fabricantes Japoneses e com o trabalho de Genichi Taguchi).
5. Durabilidade: já foi uma das principais dimensões
da qualidade, e expressa a vida útil de um produto. Tecnicamente, podemos
definir durabilidade como o tempo pelo qual um produto mantém suas
características e perfeito funcionamento, em condições normais de uso. Já
notaram como produtos antigos costumam ser mais duráveis?
6. Atendimento: é a mais empírica das dimensões da
Qualidade, e tem grande poder de afetar a percepção do cliente. Rapidez no
atendimento, cortesia e facilidade de ter um problema solucionado encantam o
cliente, pois eles não se preocupam somente com a possibilidade de terem
problemas com um produto ou serviço, mas também com a eficiência do fornecedor
em sanar esses eventuais problemas.
7. Estética: outra dimensão bastante empírica,
está diretamente relacionada ao ponto de vista do cliente ou do público alvo. É
a aparência de um produto, o sentimento ou sensação que ele provoca, a imagem.
8. Qualidade percebida: é a dimensão mais ligada à
“reputação” de um fornecedor. Acreditamos que quem produz algo de qualidade
reconhecida, seja capaz de manter esse nível em outros produtos ou serviços.
Está diretamente relacionada com a confiabilidade, que comentamos acima.
PRINCIPAIS PUBLICAÇÕES:
• Datar,
Srikant M., David A. Garvin, e Patrick Cullen - Rethinking the MBA: Business
Education at a Crossroads;
• Garvin,
David A. - General Management: Processes and Action: Text and Cases. Boston:
McGraw-Hill
• Garvin,
David A. - Learning in Action. Boston: Harvard Business School Press
• Garvin,
David A. - Operations Strategy: Text and Cases. Englewood Cliffs
• Garvin,
David A., C. R. Christensen, e A. Sweet, - Education for Judgment: The Artistry
of Discussion Leadership
• Garvin,
David A. - Managing Quality. Free Press
• Garvin,
David A. - Cases in Business Decision-Making
• Sasser, W.
Earl, Kim B. Clark, David A. Garvin, Margaret B.W. Graham, Ramchandran
Jaikumar, e David H. Maister. - Cases in Operations Management: Strategy and
Structure.
• Sasser, W.
Earl, Kim B. Clark, David A. Garvin, Margaret B.W. Graham, Ramchandran
Jaikumar, e David H. Maister. - Cases in Operations Management: Analysis and
Action.
• Garvin,
David A. - The Economics of University Behavior
Mesclando
o conhecimento das Abordagens e das Dimensões da Qualidade, o profissional
da área consegue aumentar seu campo de visão, passando a enxergar todos os elos
da Qualidade, fato que contribui para o aumento da eficácia do Sistema de
Gestão da empresa.
Só
temos condições de melhorar algo que conhecemos plenamente, sabendo disso é
fundamental conhecer estes conceitos sobre a Qualidade para poder melhorá-la na
sua organização.
FONTE DE PESQUISA: A elaboração deste artigo, teve como referência os
artigos relacionados à Garvin, publicadas no Qualiblog:
·
Link Qualiblog;
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